Resumo
O método de martelinho de ouro exige precisão visual extrema para identificar e corrigir microdeformações em latarias automotivas. Tradicionalmente, a iluminação branca tem sido utilizada, mas profissionais da área vêm migrando para a luz amarela, devido aos benefícios ergonômicos e técnicos que proporciona. Este artigo analisa, à luz de estudos sobre ergonomia e percepção visual, as vantagens da iluminação amarela, destacando conforto ocular, redução da fadiga, aumento do contraste e maior eficiência em jornadas longas. Os resultados discutidos apontam para a necessidade de padronização dessa prática, beneficiando tanto a saúde do trabalhador quanto a qualidade do serviço.
Palavras-chave: Martelinho de ouro, Ergonomia visual, Iluminação amarela, Fadiga ocular e Reparação automotiva.
Introdução
O martelinho de ouro é uma técnica consolidada no setor automotivo, utilizada tanto em veículos novos quanto em restaurações de carros antigos. Trata-se de um trabalho minucioso, no qual a visão do profissional é fator determinante para a qualidade do reparo. A iluminação utilizada durante a execução influencia diretamente a capacidade de identificar ondulações e microdefeitos na lataria.
Tradicionalmente, utilizam-se luminárias de placa branca. Contudo, observa-se a crescente adoção da luz amarela entre profissionais experientes e aprendizes, o que suscita a seguinte questão: qual tipo de iluminação promove maior eficiência, conforto visual e precisão no trabalho?
O objetivo deste artigo é discutir, com base em fundamentos científicos e relatos práticos, os benefícios da luz amarela como recurso ergonômico e técnico no processo de martelinho de ouro.
Revisão de Literatura
Estudos em ergonomia e percepção visual apontam que a iluminação em tons quentes, como o amarelo, é menos agressiva ao olho humano e contribui para reduzir a fadiga ocular em ambientes produtivos (BLUCHER, 2016; UNIP, 2019). Além disso, pesquisas indicam que o uso estratégico da cor na interface entre ambiente e trabalhador promove concentração, conforto e aumento da produtividade (UFPR, 2005).
A ergonomia visual aplicada a contextos industriais reforça que o contraste adequado entre luz e sombra potencializa a detecção de detalhes em superfícies refletivas (SCIELO, 2021). Tais resultados têm aplicação direta no martelinho de ouro, no qual a inspeção visual detalhada é decisiva para a qualidade do serviço prestado.
Metodologia
O estudo foi construído a partir de:
- Revisão bibliográfica sobre ergonomia da cor, percepção visual e iluminação em ambientes industriais;
 - Observação prática de oficinas de martelinho de ouro, comparando a aplicação da luz branca e da luz amarela em diferentes etapas do reparo;
 - Relatos técnicos de profissionais e aprendizes, coletados em ambiente de trabalho, considerando variáveis como: tempo de execução, fadiga ocular percebida, facilidade de identificação dos amassados e satisfação geral com o processo.
 
Resultados e Discussão
A análise dos dados coletados, em consonância com a literatura revisada, demonstra que:
- Conforto visual e saúde ocular: a luz amarela facilita a dilatação pupilar, reduzindo esforço ocular e prevenindo estresse visual, sobretudo em jornadas longas.
 - Precisão na identificação de defeitos: aprendizes relataram maior facilidade em localizar pontos negativos de amassados com a luz amarela, devido ao contraste mais suave em relação à luz branca.
 - Adaptação e acessibilidade: profissionais sensíveis à claridade ou com astigmatismo obtêm melhores resultados ao utilizar a luz amarela, inclusive com o auxílio de óculos de tonalidade adequada.
 - Ergonomia aplicada: a utilização de iluminação planejada em oficinas está alinhada a princípios ergonômicos já aplicados em setores industriais e médicos, fortalecendo o argumento para sua padronização.
 - Esses resultados confirmam que a migração da placa branca para a placa amarela não é apenas uma tendência prática, mas uma solução fundamentada em evidências científicas.
 
Conclusão
O uso da luz amarela no processo de martelinho de ouro apresenta benefícios significativos tanto para a qualidade do reparo quanto para a saúde visual do profissional. A ergonomia da cor e da iluminação mostra-se determinante na eficiência da atividade, contribuindo para a redução da fadiga ocular, a melhoria do contraste e a precisão no trabalho.
Sugere-se a padronização do uso da iluminação amarela em oficinas e treinamentos da área, bem como a realização de estudos quantitativos futuros que mensurem ganhos em produtividade, qualidade e ergonomia.
Referências
- BLUCHER. A importância do uso ergonômico da cor na interface ambiente x usuário. Anais do Congresso de Ergonomia, CONAERG, 2016. Disponível em: https://pdf.blucher.com.br/engineeringproceedings/conaerg2016/7828.pdf
 - UFPR. Cores e ambiente de trabalho. Universidade Federal do Paraná, 2005. Disponível em: https://docs.ufpr.br/~monica.anjos/artigos/05_cores_ambiente.pdf
 - UNIP. A importância do uso ergonômico da cor na interface ambiente versus usuário. Revista Scientis, Universidade Paulista, 2019. Disponível em: https://repositorio.unip.br/scitis-revista-cientifica/a-importancia-do-uso-ergonomico-da-cor-na-interface-ambiente-versus-usuario/
 - SCIELO. Ergonomia visual aplicada em contexto industrial. Applied Ergonomics, 2021. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ac/a/RzJHHCXykHFp9YptwrkFf3t/?format=html&lang=pt